ERA UMA VEZ. | |
por: Virgilio Dantas
Era uma vez uma cidade bonita por natureza. Tinha belíssimas praias, as mais bonitas, com certeza do Estado e umas das mais do país. Além de adornada pelo mar, esta cidade tinha outra característica, tinha uma mata, virgem ainda, do outro lado, o que a dava uma condição peculiar.
Durante um tempo, ela ficou assim sendo desvendada apenas pelos turistas aventureiros e veranistas que aqui tinham suas casas de praia. E seu mar com tamanha profundidade ideal, atraiu uma empresa portuária.
Esta empresa se instalou permanentemente por aqui e com ela começaram os altos recursos. Quem comandaria esta pacata cidade que agora ganhava bem? Pessoas do bem. Que invariavelmente colocava todo dinheiro que entrava por meio desta empresa, na cidade. Suas matas ficaram protegidas. Nada de vir gente e invadi-la com suas moradias feias. Nada de político barganhar e trazer o povão para angariar votos. Lá era tudo fiscalizado e protegido.
Os que moravam nela tinham uma sorte tremenda. A Educação, Saúde, Saneamento, Transportes funcionavam como de Primeiro Mundo. O recurso tornava isso viável! Esta cidade nunca teve políticos interesseiros. Mesmo com seu alto poder aquisitivo, a prefeitura nunca foi disputada “a tapas”, pois os que aqui iniciaram na política, sabiam que a cidade poderia se destacar das demais do país. Apenas era preciso ser honesto e aplicar o dinheiro para e somente, o bem dos moradores.
Esta cidade ficou tão conhecida e famosa pela sua administração eficaz, que ela ganhou o mundo. A alegria, a educação e o povo saudável atraíram os holofotes da fama. O município apareceu nas grandes mídias de todo o mundo, em como é possível, e já que é rica tanto de beleza natural como de dinheiro, fazer um povo feliz.
Não parecia nem que se tratava de uma cidade brasileira, pois aparentava ser de países desenvolvidos. E sabe que era tanto dinheiro e tão bem aplicado, que mesmo assim ainda sobrava para os administradores que não precisavam roubar, já que o próprio jeito de comandar trazia resultados para todos. Era questão de inteligência, somado a caráter.
O prefeito desta cidade era tão bom que foi reeleito o máximo que a legislação permitia. Só entrava outro que o anterior indicava. Nada de moradores atrás de uma “boquinha”.
Nesta cidade, os que residiam tinham profissão. Não ficavam “puxando o saco” de políticos para conseguir emprego. No município bonito por natureza, a população tinha competência para trabalhar, não precisava angariar emprego por apenas quatro anos. E os que saiam desta prefeitura, tinham que voltar ao batente a que faziam antes de ser administrador da cidade, pois nela prefeito ou ex-prefeito não eram profissão, assim como vereador e ex-vereador. Acabavam os mandatos e retornavam para suas antigas profissões, sejam comerciante, médico, advogado, portuário, contador, dentista ou aposentado mesmo do serviço que trabalhou a vida inteira. Nada de ficar debatendo e batendo em todos para voltar àquela prefeitura que não era dos políticos, mas verdadeiramente e decididamente da população. Pena que era uma vez...