Comunidade Portuária de Itapoá.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

cocina de coca

http://youtu.be/YPAk3eawos8http://youtu.be/YPAk3eawos8

Este video mostra realmente o que acontece em plena selva colombiana como se refina a coca a partir das folhas  e é estarrecedor os ingredientes quimicos usados na elaboração da cocaina, e mesmo assim tem muito louco e louca colocando isto nas narinas.

Taxas de religação de água e luz


por: Virgilio Dantas


Está na hora das concessionárias dos serviços públicos de fornecimento de água e luz, reavaliarem as cobranças de taxas de religação impostas aos consumidores para o restabelecimento destes serviços. Em especial aqui em Itapoá onde o poder aquisitivo do povo não é dos melhores.

É importante destacarmos o contra-senso dessas cobranças, que muitas vezes tem o valor superior ao das contas mensais de pessoas carentes beneficiárias da tarifa social. Espero que este alerta tenha um efeito prático, que beneficie a população de Itapoá consumidora dos serviços públicos.

Bicicleta é assunto sério!


por: Virgilio Dantas


Desde que as cidades começaram a colocar em prática os projetos cicloviários começamos a dar conta de quantas pessoas usam a bicicleta como meio de transporte diariamente.

As ciclovias viraram diversão aos finais de semana, a venda de bicicletas aumentou e o assunto ganhou maiores proporções.

Acho que está na hora de levar essa questão a sério. Precisamos criar uma coordenadoria de assuntos cicloviários do município de Itapoá.
Com essa ferramenta podemos ter maior fiscalização e realizar trabalhos educativos junto aos ciclistas com maior frequência, mais organizados e direcionados.

Furto de container com Tvs só é descoberto após conferencia.

Qui, 20 de Outubro de 2011 22h56min 

Pelo modo como foi consumado, sem despertar suspeitas, o furto de um contêiner com 540 televisores de um terminal no Porto de Santos pode ser considerado um golpe de mestre. Mas, a julgar pelas pistas deixadas pelos envolvidos, o nível de eficiência da trama criminosa deixou a desejar, e os seus autores deverão em breve ser identificados e indiciados em inquérito policial.

Pelo menos, essa é a expectativa do delegado Marcelo Gonçalves da Silva, que comanda um setor da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) especializado na repressão a furtos e roubos de carga.

“Nas próximas horas, receberemos do fabricante dos televisores uma relação contendo os números de série de todos os aparelhos. Com esses dados, poderemos rastreá-los, identificando os receptadores e, consequentemente, os ladrões”.

O furto aconteceu exatamente às 23h53 do último dia 13, no terminal da Libra, na Ponta da Praia. Porém, o crime só foi descoberto na quarta-feira, após uma conferência dos contêineres que estavam no pátio da empresa. Na manhã desta quinta-feira, representantes da Libra e da LG Electronics da Amazônia compareceram à DIG para comunicar o crime. A carga possui seguro.

“O que mais chama a atenção nesse furto são as informações privilegiadas que os ladrões possuíam. Eles sabiam do processo de logística da carga e utilizaram um documento materialmente perfeito para retirar o contêiner com as TVs sem despertar suspeitas”, conta Gonçalves. A documentação à qual o delegado se refere é uma ordem de carregamento original emitida pela transportadora Log-In Logística Intermodal, que tem escritório em Santos.

Os policiais da DIG consideram essa ordem de carregamento o fio da meada das investigações. Além desse documento, os autores usaram outro, falsificado, no qual constam o nome e demais dados pessoais de um homem, cuja participação já está descartada. “Ele é um advogado da Baixada Santista e teve os seus dados indevidamente utilizados”, explica o delegado.

Ainda não identificado, o motorista que entrou na Libra com o documento de carregamento original para retirar a carga de televisores, avaliada em R$ 659.178,00, se identificou com o nome do advogado. Ele dirigia um conjunto de caminhão e carreta, cujas placas são de Santo André e Guarulhos, respectivamente. Não há queixa de furto ou roubo dos veículos e suspeita-se de que os emplacamentos sejam falsos ou clonados.

Logo após a comunicação do furto, policiais saíram a campo para realizar uma série de checagens. O delegado não revelou quais são para não prejudicar as investigações, mas A Tribuna apurou que objetos foram apreendidos no escritório da transportadora Log-In e se constituem em provas materiais da fraude arquitetada para se cometer o furto.

'Procedimento foi correto'

Carla Carolina Pecora Gomes, advogada do Departamento Jurídico da Libra, comentou o episódio. ''O procedimento adotado pela Libra Terminais foi correto, conforme reconhece a própria LG, porque a ordem de carregamento apresentada para a retirada da carga é original. Ficamos com esse documento e o fornecemos para as investigações da Polícia Civil quando comunicamos o furto junto com representantes da LG”.

Fonte:A Tribuna Online/ Eduardo Velozo Fuccia

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Lavagem cerebral




Por: Virgilio Dantas

Sou pela teologia da libertação, por isso, desconfio que religiosidade demais seja pura farsa, sobretudo as práticas que fazem “lavagem cerebral” e se afortunam. Comparo um fanático religioso, que tenta vender sua crença, a um bêbado de “boteco” de quinta, que bebe além do juízo, não sabe se controlar. Acredito ser, o fanático religioso que fala muito em Jesus, em Deus e não cumpre à risca seus mandamentos, nem com a própria família, um dos maiores charlatões. Nada contra a fé e o dogmatismo, mas quando o fanático religioso tenta impor seu caminho, como se esse fosse o melhor para todos, precisamos levá-lo ao médico, para tratamento psiquiátrico. Cada seguidor ou não, sabe onde o calo aperta. Os exageros da fé transformam qualquer adepto em pessoa chata. Charlatanismo religioso que inculca de forma quase agressiva, a alguém que não deseja a prática, deveria ser considerado crime por tentativa de aliciamento religioso. A lei deveria ser mais rigorosa contra as crenças e suas instituições barulhentas, que incomodam outras pessoas. Não estamos falando da prática religiosa em que cada indivíduo procura uma paz de espírito, mas sim dos que se entregam de maneira doentia. A indústria religiosa gera rios de dinheiro. “As sagradas” práticas religiosas vendem de tudo não por causa da fé e sim por causa dos dividendos financeiros. Temos exemplos de festas e templos religiosos onde a fé só aparece para os holofotes da mídia. Uns fé demais, outros, fé de menos, isso é perfeitamente normal nesta moderna conjuntura, mas desde que cada um siga seu rumo e não tente nada por meio de arrogo e maus agouros. Deus é igual para todos, desde que cada um seja honesto consigo e com os outros.

Ser e também parecer


DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo




A denúncia de corrupção contra o ministro do Esporte, Orlando Silva, feita por um policial investigado pelo mesmo crime e ex-militante do PC do B, impõe à presidente Dilma Rousseff o dilema de sempre.
Ou ela leva a fundo o caso ou adota a tese da "casca grossa" defendida por Lula: arquiva a acusação no escaninho dos episódios nebulosos sem desfecho e segue em frente.
É uma escolha com a qual o governo está acostumado a lidar, conforme demonstrado no ensaio da faxina que não resistiu aos reclamos dos partidos ameaçados e ao desconforto do PT com as inevitáveis comparações de tolerância entre Dilma e seu criador.
Mas, em se tratando da pasta que estará à frente da próxima Copa do Mundo, as coisas ficam um tanto mais complicadas: para muito além das conveniências da coalizão governamental, há a repercussão internacional e todas as implicações decorrentes de um acontecimento que envolverá tanto dinheiro que nem os órgãos públicos sabem ao certo quantos bilhões serão gastos.
Uma amiga muito arguta fez a seguinte observação: "É tanto dinheiro envolvido, são tantas as possibilidades de desvio nessa Copa que o mínimo que se pode fazer é pôr à frente disso alguém acima de qualquer suspeita".
Madre Teresa? Em matéria de imagem, algo por aí.
Tenha ou não culpa nesse cartório, esteja sendo vítima ou não de uma falsidade, seja o testemunho do policial veraz ou não, fato é que o ministro Orlando Silva não tem o atributo principal para encarnar o poder público na Copa: confiabilidade.
A denúncia de seu ex-companheiro de partido não é a primeira. Já foi personagem de outras acusações e está longe de representar uma unanimidade sob qualquer aspecto, interna ou externamente, política ou administrativamente falando.
Esse não é um caso que a presidente possa se dar ao luxo de tratar como algo trivial ou sob a ótica da governabilidade negociada reinante. Nesta, o que está em jogo ao fim e ao cabo é a questão da sobrevivência de um grupo político, no transcorrer do governo ou no momento eleitoral para confirmação do poder.
Em relação à Copa do Mundo há muito mais. Por isso mesmo, se a presidente decidir mudar de ministro, conviria que não o fizesse no mesmo molde das substituições anteriores em que prevaleceu o critério da troca de seis por meia dúzia.
Dilma não pode errar: além de agir com presteza precisa também conferir grandeza ao gesto, mostrar que está ciente das implicações, transmitir, enfim, a mensagem de que não apenas sabe o nome do jogo em tela como compreende as regras e tem capacidade para comandar esse espetáculo levando em conta o interesse do Brasil em sair-se bem da empreitada.
Evidentemente não conseguirá isso com as mesmas manifestações de confiança que nas vezes anteriores logo foram substituídas pelo ato explícito de desconfiança das demissões, nem poderá tentar resolver o problema com um "bom desempenho" do ministro em depoimentos arquitetados pela maioria governista no Congresso ao molde da conveniência do depoente.
O buraco, aqui, é maior e mais embaixo. Apareceu uma oportunidade para o governo começar a acertar o passo na formatação da Copa de 2014. É decisão da presidente: pode aproveitá-la ou deixar passar a chance de se afirmar.
Cada qual. São Paulo, principal campo de batalha de petistas e tucanos, é essencial para o futuro dos dois antagonistas.
Por isso, a hipótese de o PSDB aceitar o lugar de vice numa aliança com o PSD para disputar a Prefeitura de São Paulo seria equivalente à possibilidade de o PT admitir concorrer como linha auxiliar do PMDB, abrindo mão da cabeça de chapa para Gabriel Chalita.
Troca. Quando o assunto é Chalita, os petistas reconhecem que é mais que remota a chance, mas sonham com a possibilidade de o deputado vir a aceitar ser vice de Fernando Haddad (ou Marta Suplicy?) se o PT assegurar a Michel Temer vaga para compor a chapa presidencial de 2014.

Em busca de um tempo perdido (1)



Arnaldo Jabor - O Estado de S.Paulo



"Durante muito tempo, costumava deitar-me cedo." (*)
Mas ficava de olhos abertos para a tênue iluminação da rua que entrava pela fresta da janela. Desde o crepúsculo, filtrava-se uma luz entre o roxo e o dourado que ia morrendo, enquanto eu ouvia as mães chamando os meninos para dentro, um carro que passava e o silêncio que se ouvia depois, os acordes iniciais do Guarani (prefixo da Hora do Brasil) às sete da noite, que soava no rádio de meu pai, avisando aos navegantes que "as boias de luz estavam apagadas temporariamente" no mar, o que me dava uma grande paz, por estar aconchegado em minha cama, mas com pena da solidão das boias de luz flutuando sem rumo no vasto oceano. Meus brinquedos, carrinhos de lata, rolimãs, bolas de gude, jogo de botões, tudo fazia parte de um mundo que estaria ali quando eu acordasse, um pequeno país que eu habitava, limitado por ruas perpendiculares à minha, por terrenos baldios, por valas onde pescava ínfimos peixinhos, por árvores escaladas, pelas casas vizinhas onde se aninhavam amigos e perigosos inimigos - a paisagem dos meus primeiros anos.
Eu ainda não via as coisas em conjunto, minha visão geral era rala e meus olhos se detinham em minúcias que até hoje me emocionam sem razão, detalhes que pareciam revelar mistérios, como a chuva batendo quente e lenta no muro amarelo e roído de buracos, os urubus voando muito longe entre árvores altíssimas e nuvens esgarçadas, as formigas levando folhas de fícus para o buraquinho, onde eu colocava açúcar para surpreendê-las, tontas com o doce presente inesperado, o homem-do-saco que passava todo dia e que, ameaçavam os adultos, levava crianças para fazer sabão, os cachorros vadios que, esses sim, viravam sabão quando a 'carrocinha' da polícia passava, o mendigo veado que revirava os olhos, imundo, chamado de 'Amélia', e que, garantiam, ficara assim porque dera mijo para a mãe que lhe pedira água no leito de morte, brigas entre 'gravatas' e bofetadas, o projecionista do Cine Palácio Vitoria que brilhava ao fim da rua e que toda noite nos dava fotogramas cortados de filmes arrebentados, o que me fez conhecer o cinema em pequenos quadrinhos coloridos com rostos de Virginia Mayo, Sabu, cavalos a galope, beijos na boca, coxas de odalisca, múmias e desenhos do Mickey, sheiks brancos no deserto, o carro grená de meu pai que chegava, minha mãe esperando no portão.
Já houve muitos "eus" dentro de mim, mas nessa infância profunda, "eu" ainda não havia. Havia o mundo misterioso que eu pesquisava em pedaços. Aos poucos, foram se colando em mim os primeiros sustos, súbito entendimento de segredos, a descoberta do corpo, a diferença das meninas, o 'pau, o cu, a boceta', os palavrões que eu aprendia nas vilas e esquinas, palavras sussurradas como senhas, indícios do que seria a 'realidade' para mim, mais tarde. Escrevo essas coisas para lembrar de mim mesmo, vivendo em meio a uma nuvem de impressões fátuas, confusas, de onde, às vezes, saltava alguma coisa com aparência de sentido, um súbito sentimento que me parecia essencial, como um órgão oculto que eu descobria.
Eu devia ter uns 6 anos quando fui a meu primeiro dia de aula, levado por minha mãe na Rua 24 de maio, no Rocha, coberta de folhas secas de mangueira que o vento derrubara. Fiquei sozinho pela primeira vez, sem pai nem mãe no colégio desconhecido.
No pátio do recreio, crianças corriam. Uma bola de borracha voou em minha direção e bateu-me no peito. Olhei e vi uma menina morena, de tranças, olhos negros, bem perto de mim, pedindo a bola. Lembro que seu queixo tinha um pequeno machucado, como um arranhão coberto de mercúrio cromo. Seu nariz era arrebitado, insolente e num lampejo eu senti um tremor desconhecido.
Ela deve ter me fitado no fundo dos olhos por uns três segundos, mas até hoje me lembro de sua expressão afogueada e vi que ela também sentira algum sinal em meu corpo, alguma informação da matéria em seu destino de fêmea. Tenho certeza de que nossos olhos viram a mesma coisa, um no outro. Senti que eu fazia parte de um magnetismo da natureza que me envolvia e envolvia a menina, que alguma coisa vibrava entre nós e que eu tinha um destino ligado àquele tipo de ser, gente de trança, que ria com dentes brancos e lábios vermelhos que era diferente de mim e entendi também que sem aquela diferença eu não me completaria. Ela voltou para o jogo e vi suas pernas correndo e ela se virando para uma última olhada. Meu sentimento infantil foi de impossibilidade, aquele rosto me pareceu maravilhoso e impossível de ser atingido inteiramente - um momento de descoberta e perda. Misteriosamente, nunca mais a encontrei naquela escola.
Foi mais ou menos isso, felicidade e medo, a sensação de tocar num mistério sempre movente, como um fotograma que para por um instante e logo se move na continuação do filme. Sempre senti isso pela vida afora em cada visão de mulheres que amei. São momentos em que a máquina da vida parece se explicar, como se fosse uma lembrança do futuro, como se eu me lembrasse do que iria viver. Percebo hoje que aquela sensação de profundo sentido que tive aos 6 anos pode ter definido minha maneira de amar pelos tempos que viriam. Talvez tenha visto, por um segundo, que o amor aparece em brevíssimos instantes, um cabelo molhado, um rosto dormindo, despertando em nós uma espécie de 'compaixão' por nosso próprio desamparo, entrevisto no outro.
(*) Vou 'dar um tempo' em análises inúteis sobre o Brasil, este país paralisado, onde tudo são expectativas e adivinhações baratas. É ridículo tentar alguma racionalidade sobre a imunda paisagem política que vivemos, onde a corrupção é lei e o absurdo é invencível, tudo dentro de um mundo em crise que só entenderemos quando o pior acontecer.
Por isso, ousarei escrever vários textos como um pobre diabo "proustiano", a ver se descubro alguma clareza sobre o tempo que percorri até hoje. Continuo, talvez, semana que vem.

domingo, 16 de outubro de 2011

Lula inventou a ''ingovernabilidade''


Arnaldo Jabor - O Estado de S.Paulo

A corrupção no Brasil é tratada como um desvio da norma, um pecado contra a lei de Deus. Não é. A corrupção no Brasil é hoje um importante instrumento político, quase um partido. Nos últimos anos adquiriu novas feições, virando um "quarto poder". Antigamente, a corrupção era uma exceção; hoje é uma regra. E não se trata mais de um "que horror" ou "que falta de vergonha" - ficou claro que o País está inibido para se modernizar, porque a corrupção desmedida cria "regras de gestão". O atraso no Brasil é um desejo colonial que persiste e dá lucro.
Só agora estamos vendo o tamanho dessa mutação, quando o Executivo tenta a "faxina" e depara com a resistência indignada do Congresso. Deputados resmungam pelos cantos: "Aonde tudo isso vai parar?"
Um bloco de 201 deputados comunicou que "enquanto não se resolverem os problemas de cargos e emendas, não se vota mais nada..." Tradução: "enquanto não deixarem a gente roubar em paz, como nos bons tempos do Lula, não se vota nada." Congressistas reclamam que Dilma "não respeita as regras do jogo". Ladrões de galinha reclamam contra algemas, contra as belas fotos de presos de peito nu (que adorei...), detalhes ridículos comparados aos crimes de bilhões no turismo, agricultura e transportes e outros que virão.
Dizem: "Se ela continuar assim, não chega ao fim do mandato..." O próprio Lula telefonou para a presidente: "Dilma... pega leve com o PMDB..."
Ou seja, há um país paralelo de políticos, ONGs fajutas, empresários malandros com leis próprias - o legado de Lula, que transformou uma prática criminosa dissimulada em descarada "normalidade". Essa foi a grande realização de seu governo e se divide em duas fases.
Quando Lula chegou ao poder em 2002, havia um "Comitê Central" que o orientava (ou desorientava). Esse grupo de soviéticos desempregados viu, na sua vitória, a chance de mudar o Estado, usando a democracia para torná-la "popular", uma tosca versão remendada de "socialismo". Para isso, era necessário, como eles dizem, "desapropriar" dinheiro de um sistema "burguês" para fins "bons". Essa racionalização adoçava a água na boca dos ladrões na hora do ato, pois o véu ideológico de um remoto "Bem futuro" os absolvia a priori. Nessa fase, Lula foi um coadjuvante - sabia de tudo e nada fazia, para deixar os "cumpanheiro" cumprir sua tarefa. Roberto Jefferson, com sua legítima carteirinha, destruiu a quadrilha que angariava grana para eleger o Dirceu presidente em 2010.
Com sorte, Lula livrou-se da tutela de soviéticos e pôde, no segundo mandato, realizar seus sonhos de grandeza, que acalentava desde que descobriu que ser líder carismático dos metalúrgicos era bem melhor do que trabalhar.
Aí surgiu o novo Lula: uma miniatura, um bibelô perfeito para triunfar na mídia aqui e no Exterior. Ele é portátil, com um nome tão legível e íntimo como "Pelé". Lu-la, como "Lo-li-ta", como Nabokov enrolava a língua para descrevê-la... Lula conta com a absolvição a priori por ser um operário, um "excluído que se incluiu". Lula é um mascote perfeito: baixinho, barbinha "revolucionária", covinhas lindas quando ri, voz grave para impressionar em seriedade, talento para forjar indignação como se fosse vítima de alguma injustiça ou como o próprio povo se defendendo.
Esquemático e simplista, mas legível para o povão sem cultura e para os estrangeiros desinformados, Lula resume em meia dúzia de frases a situação geral do País, que teve a sorte de ser um dos emergentes cobiçados pela especulação internacional. Com a estabilidade herdada do governo anterior e com dinheiro entrando, ele pôde surfar em seus truísmos sem profundidade, como se a verdade morasse na ignorância. Lula não governou para o PT nem para o País; governou para sua imagem narcisista, governou em "fremente lua de mel consigo mesmo", num teatro em que éramos a plateia.
Seu repertório de frases feitas é composto dos detritos de chavões dos seus ex-soviéticos sindicalistas: fome x indigestão, elite e povo, imperialismo americano e Terceiro Mundo que incluía até o Kadafi e outros assassinos.
Claro, sempre houve corrupção (com FHC, com todos), mas era uma prática lateral, ainda dissimulada. A grande "inovação" (essa palavra da moda) de Lula foi apropriar-se (com obsceno oportunismo) de 400 anos de corrupção endêmica e transformá-la em alavanca para governar, mantendo sua fama de "tolerante e democrático".
No seu ideário, feito das migalhas que caíram da mesa leninista, "corrupção" é coisa "menor", é problema de pequeno-burguês udenista. Pensou: "No Brasil, sempre foi assim; logo, o importante é me deixarem curtir o mandato, hoje que eu sento ao lado de rainhas, com o aval de uma "santidade" de esquerda que peguei dos comunas que me guiaram."
Ele se confundia com o Estado. Se ele ia bem, o Brasil também.
Essa foi a "palavra de ordem" para o ataque geral a todos os aparelhos do Estado pelos ladrões. Sua irresponsabilidade narcisista deixou Dilma nesta sinuca histórica: se não fizer nada contra as denúncias insofismáveis, perde poder e prestígio; se fizer, perde também. Quem ganha com isso? Só ele e a coligação dos escrotos interpartidários. Se nossa abobalhada oposição conseguir uma CPI contra o governo Dilma, isso só beneficia o PMDB e aliados da caverna de Ali Babá. Ainda bem que alguns senadores decentes se unem para dar apoio à faxina das donas de casa do Executivo. A opinião pública também dá sinais de reação. Vamos ver. Pelas mãos de Lula, instituíram a chantagem como método político.
Lula inventou a "ingovernabilidade" a que assistimos. Os assaltantes estão com saudade e querem que ele volte para normalizar tudo, como um "Luis Inácio Bonaparte da Silva", como um "caudilho da vaselina". Tudo o beneficia para 2014. Temíamos um "peronismo" sindicalista no País, mas isso não existe. Só existe o PMDB.