Revitalização
de áreas portuárias: cultura náutica
por Iris
Geiger da Silva *
A importância estratégica da cidade
portuária de Santos para o Brasil não é novidade para a maioria das pessoas.
Assim como a relação estreita que a economia e a expansão urbanas guardam com o
crescimento do Porto. Parece, no entanto, que algumas particularidades da
história da formação da sociedade brasileira afastaram o povo das
potencialidades de desenvolvimento que o mar oferece.
O velejador Lars Grael, na tarde do
último dia 26 de abril, participou do painel “A importância econômica, cultural
e esportiva das marinas públicas nos projetos de revitalização portuária”,
parte da programação do “Seminário Internacional: Revitalização de Áreas
Portuárias e Integração Urbana”, realizado em Santos. A princípio ele
considerou que o brasileiro tem uma espécie de bloqueio cultural em relação às
marinas. “Há uma visão negativa da cultura náutica. Seria interessante fazer
uma pesquisa histórica e antropológica para confirmar esta hipótese.”
O velejador Lars Grael é um dos 10 atletas
beneficiados pela Lei de Incentivo ao Esporte
do Governo do Estado do Rio de Janeiro
No Seminário Internacional, Grael
relatou que o mar, desde a chegada dos europeus nos séculos XV e XVI, e talvez
antes também, tem sido percebido como um veículo de desgraças. Além das
questões naturais, que evidenciam a força da natureza, por vezes incontrolável,
existem os aspectos sociais. A invasão das terras indígenas, a exploração dos
recursos naturais e o extermínio de várias tribos ocorreram a partir da chegada
dos navegadores colonizadores. Os povos africanos foram arrancados de seu
continente natal, escravizados e transportados via marítima para trabalhar no
Novo Mundo. Mais tarde, os imigrantes europeus e asiáticos, que fugindo das
dificuldades de vida em seus países, enfrentaram as precárias condições de
viagem nas embarcações que cruzavam os mares.
O modo de olhar o mar pode ser
diferente. Atualmente as marinas públicas não precisam ser vistas apenas como
lugares elitizados. Como diz o velejador: “... não basta fazer a marina para os
bacanas”. O espaço náutico deve criar as pontes de acesso das pessoas ao mar. O
Projeto Navega São Paulo, por exemplo, é
uma forma de parceria com a administração pública que facilita este acesso e
merece ser ampliado com as novas oportunidades do Porto Valongo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário