Comunidade Portuária de Itapoá.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Comemorou-se o que?

V. Dantas


E quando vejo a definição de República, começo a desconfiar que não tenho muito que comemorar. Primeiro, é que se tratando de política, muita coisa não é pública, e nunca se tornará. Compra de votos, acordos firmados, coligações políticas, trâmites licitatórios, e o preço para apoio a projetos, são informações privilegiadas de quem percorre os bastidores políticos, mas que nunca trará tal conhecimento à tona.
Em segundo, o significado traz a idéia de que o eleito é representante de seus eleitores. Nada mais lógico, mas não tão prático. Isso porque a maioria dos candidatos, depois de eleitos, dificilmente voltará andar por ruas que andaram durante campanha. Dificilmente apertará a mão de populares não tão bem vistosos, como ocorre em campanha. E tão pouco dará satisfação das promessas feitas em palanques e que nunca se concretizarão.
Outro ponto questionável é ter uma chefia com duração limitada. Limite é uma coisa não muito comum em política. Há a falta de limite no gasto do dinheiro público, há falta de limite na contratação de parentes, há falta de limites até em discursos superficiais e infantis que subestimam nossa compreensão.
Ainda temos exemplos, em pleno século XXI, de coronéis que se mantém e sustentam suas famílias por mamarem a anos nas tetas do poder. São senadores, deputados, políticos que nunca saem de cenário, no máximo alteram a função. Há nomes que ouvia quando criança, e que hoje ainda ouço como sendo de pessoas que determinam os rumos do Brasil. Não é difícil encontrar vereadores, que se mantém há anos, que cativaram votos em troca de uma cesta básica, material para construção ou de míseros R$ 50. Fato esse que compromete o último ponto do significado de República: o voto livre e secreto.
O voto não é tão livre assim, já que muitos o amarram na promessa de um carguinho no Poder Público, ou na garantia de ter contas de água e luz, pagas por um tempo. Também já não é tão secreto assim, pois muitos são pressionados por parentes ou amigos, de votarem em determinada cor. Aliás, cor aqui em Itapoá é algo levado a sério. E não se trata de cor de etnia, ou de times de futebol. Está ligado a partidos. O que implica que por cor, seu caráter e valores são medidos, julgados e, em muitos casos, condenados.
Por isso, não saio perguntando aos outros se lembram de que feriado foi ontem. Pois, podem até lembrar o que é celebrado ontem ou qualquer outra data. Mas o que é celebrado, não é celebrado há muito tempo.

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